terça-feira, 14 de julho de 2009

ETERNO





O tempo que modifica todas as coisas
Que transforma homens
Que bem lento vos consome

Como o vento que suave refresca o corpo
O tempo passa
e não deixa marcas no meu rosto

Sempre sozinho e desolado
difícil é receber carinho
Não tenho quem caminhe a eternidade do meu lado

Um dia fechei meus olhos
Quando acordei não me lembrava de nada
esperava preso ao pequeno corpo
longe de ser conto de fadas
O que chamam de vida me prendia com ferrolho

Tudo o que amei hoje é passado
A eternidade é uma cruz traz enfado
Não consigo amar, não consigo ser amado

Grande é o meu poder de sedução
do seu sangue sente sede
Um beijo meu faz parar seu coração
Com um olhar te pego na minha rede

Não conheço o que chamam de vida
Também jamais virei a morte
Para mim não tem fim essa corrida
Sobre mim caiu má sorte

Projétil não me atravessa o crânio
Seus sabres não cortam minha garganta
Não me destrui suas bombas de titânio
com suas laminas meu coração não se arranca

Abandonado pela vida
desprezado pela morte
Carrego na alma esta ferida
sinto no peito pontadas fortes

Sou o filho da luz
que a própria luz abandonou
meu coração ninguém seduz
a escuridão não me adotou

Sigo meu dilema como alguém que já chorou
em lugares remotos
Fico a observar as marcas que o tempo não me deixou

Anjo da noite
sinfonia da morte
Ela vem com vestes preta e uma foice
pronta pra me ceifar com um corte
Mas em mim não causa efeito
não me deram esse direito
de repousar em profundo leito
a sete palmos da terra

A noite sinto fome
e não é a que sente um homem
Sou predador
não sinto dor
nem mesmo o amor

O tempo pra mim não passa
pressa é coisa que não tenho
A eternidade me dá asas
mas de solidão não me contenho

Anjo da noite
imortal e sem carinho
Queria alguém que me fizesse a corte
como um pássaro no ninho
Tudo que eu queria
um abraço na tarde fria
poder envelhecer
morrer
voltar a ser homem

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