domingo, 23 de agosto de 2009

INDIGENTE


Eu moro na rua
mas ninguém me vê
Meu teto é a lua
vivo a vossa mercê

Sou velho,sou jovem e sou criança
na calçada perdido
sem fé e sem esperança

Sou a escória da sociedade
tratado como um bicho
retrato da crueldade
O meu almoço esta no lixo
e é disputado junto de cães e ratos
uma lata velha e enferrujada é meu prato
eu cheiro a mijo

Sou eu quem estrago a paisagem
você tem medo de mim
nos seus rios eu defeco nas margens
a minha desgraça não tem fim

A minha cama é de papelão
um jornal meu cobertor
Alguns me chamam de ladrão
seu redentor não foi meu libertador
Palavra amor
na pratica não existe
meu mundo é miseravelmente triste
dos irmãos eu não senti o calor

Quando eu durmo na calçada
ninguém me vê
desvia o olhar e passa por cima
esquecendo que sou como você

Seu mundo sombrio
não se comparam as minhas trevas
Eu te causo calafrios
sou o pecado de Adão e Eva

Já fui menino,fui órfão,fui prostituta
sou o crescimento desenfreado da cidade sem infra estrutura
Sou o bêbado drogado e viciado
como de um verme se compara a minha estatura
Sou soro-positivo condenado
castigado pela sua falta de amor e seu pecado
meu telhado é lua
não tenho família e pelos mês erros tenho pagado
sou apenas mais um morador de rua

sábado, 22 de agosto de 2009

UMA CANÇÃO DE NINAR






Bicho Papão
Devorador de sonhos
sai de cima do telhado
deixa em paz esse sono tristonho
deixa escorrer esse sangue coalhado
deixa fechar esse olhar tão tristonho
Para que descanse esse corpo cansado

Te embalarei em meus braços
agora podes descansar
terá mas uma vez os meus abraços
Ele não vai mais te atormentar

Dorme em paz
um beijo doce te darei
te adornarei com alegria
Uma canção de ninar eu cantarei
aquecerei sua pele fria
Seu lindo corpo eu cobrirei
agora podes descansar

Bicho Papão
devorador de almas
sai d cima do telhado
deixa esse pobre corpo repousar com calma
deixa escorrer esse sangue coalhado
deixa dormir para fugir desse carma
para que possa descansar esse corpo cansado

Agora descanse
por toda eternidade
Feche os olhos para que nenhum mal te alcance
no seu sono puro e sem maldade

Dorme minha querida
com terra fria a cobrirei
Sua pele branca e pálida é tão linda
com ternura eu te maquiarei

Bicho Papão
devorador de sonhos
nos sonhos dela não vai entrar
deixe-a dormir esse sono tristonho
logo com ela eu vou estar

Agora feche os olhos
para sempre podes descansar
Dorme em paz
cantarei para você uma canção de ninar
podes descansar
Ele não vai mais te atormentar

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O FILHO DA LUZ




Infelizmente!!!

O sangue que vira poesia
que mexe com a mente da gente
Enfadado de tanto hipocrisia
sevando um mal inconsciente
fazendo da santa fé uma heresia

Não queria ser Senhor
o abominável fruto do incesto
semeador de dor
Nascido em ano bissexto
motivo de espanto e pavor
relatando toda a desgraça em um texto

A mente obscura
mais negra que a consciência de Judas
Uma alma cansada que busca a cura
o ingénuo que crê em Arruda
meu medo vem com a noite escura
Perdido entre crenças,imagens e Buda
Em busca de carinho
se depara com a lamina cortante da espada
Embriagado pelo vinho
já não crê em contos de fadas
querendo ser envolvido pelo linho
o que tem são trapos e um pouco de nada

Traças,brasas e desgraças
o nimbo para sobre a cabeça
o cego não sabe que pensa
apenas querendo a benção
pra continuar viva sua crença
o bem bate,o mal não pede licença
deixe uma fresta e ele simplesmente entra

Filho da luz
sua beleza e sua gloria o corrompeu
agora carne podre e com pus
percebe o quanto já perdeu
A ganancia que seduz
a própria isca ele mordeu

O beijo que antecede a traição
o assassinato a sangue frio que me deixa sem ação
a noticia ruim vem der repente,assim como para o coração
um enfarte,o vicio da social masturbação
A foto do demónio no encarte,que no cemitério encontra inspiração
o regente do coral e sua fúnebre canção

Filho da luz
Sua existência é o motivo da minha tragédia
querendo fazer d minha vida uma comédia
iludido por anjos e devas
um dia a luz extinguira suas trevas
então terei paz na terra

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

LEMBRANÇAS DE UM ESTUPRO






Minha dor que hoje arranca minha calma

da mesma forma que roubaram minha infância
esse é o meu grande trauma

Em poucas horas,em pouco tempo
tive os meus sonhos desfeitos
vi minha esperança como um espelho sendo quebrada
e os cacos refletiam a minha desgraça
Não foi eu quem errei
mas me sinto envergonhada

Porque não acreditou em mim mamãe
porque foi indiferente a minha dor
e omitiu a minha desgraça
Não sei se voltarei a acreditar no amor
a minha tristeza é profunda e não passa

Lembro-me come se fosse agora
minhas roupas sendo rasgadas
Violência gratuita,vi meus sonhos indo embora
como um animal sem escrúpulos ele me violentava
Aquele que você escolheu para ser seu marido
quem você chamava de amor e de querido
na sua ausência me estuprava

Sentia nojo do meu próprio corpo
quando pensava nas coisas que ele fazia comigo
Aquele porco
tudo que mais queria era vê-lo morto
Eu habitava com o perigo
sentia medo
Dormia com o inimigo
e você mamãe,me virou as costas escolhendo o seu marido
hoje as dores que trago comigo
só eu que sei,sou eu quem sinto
Quantas vezes já tentei acabar com a minha vida
e por fim nessa angustia que me atormenta viva

Meus pesadelos sempre são iguais
a violência, o abuso,o estupro
O sangue inocente os lençóis a manchar
Não tenho mais paz
lembro de você mamãe e aquele cara sem escrúpulos
que me obrigava a chama de pai

hoje tudo que tenho é dor,magoa e ódio profundo
foi transformado em caos o meu mundo
Psicólogos não curam mês trauma de criança
anti-depressivos não trazem de volta a inocência e os sonhos de infância
não destruem essa maldita lembrança
da violência do abuso
lembranças de um estupro

domingo, 9 de agosto de 2009

NECROFILIA






Como pude te amar assim
foi amor a primeira vista
com o seu semblante sorria pra mim

Parecia uma princesa
a pele branca e pálida se destacava
em meio ao roxo dos seus lábios e o branco do seu vestido

Deitada em meio as rosas
dentre as flores da coroa era a mais bela
Naquele vestido parecia noiva
linda,formosa e gélida

Nas tardes febris
recordo-me de sua face
As vestes fúnebres
e a frase ornamentada em sua lapide

Linda,fria,pálida e envolvente
havia paz em seu semblante
mórbido,vazio e indiferente

Quem dera eu fosse quem preparou seu corpo
para esse momento notório
banharia seu corpo nu,lindo e ainda morno
e te entregaria limpa para o seu velório

De todas as defuntas que já viu
estes pobres olhos de coveiro
A morte para mim sorriu
e te desejei com olhar faminto e morteiro

Em meio as lágrimas dos seus entes queridos
no meu pensamento te amava
Maníaco compulsivo soltando gemidos
pensando em você me masturbava

De todos os corpos ocos e sem vida
o seu é o mais belo
De todas as princesas que dormem minha querida
você é a que eu mais desejo e quero

sábado, 8 de agosto de 2009

O BEBADO




Observo
um homem debruçado sobre a mesa
do vicio ele é um servo
Na garrafa que o excita ele vê beleza

A justificativa cega
que serve como apoio para as pernas
cambaleando sobre as pernas
na bebida ele se interna
querendo fazer do corpo uma adega
querendo mascarar uma dor que é interna
e aos poucos parece eterna

Para compreende-lo
tento me colocar em seu lugar
Uma família aflita com medo de perde-lo
esta a esperar

Olho no olho
por dentro uma angustia viva
que o prende em ferrolho
perdendo a perspectiva

Cria ilusões
imagina um mundo melhor
Esquece as imperfeições
mais por dentro esta cada vez pior

Que não faz quando esta são
quando embriagado ele liberta
Sua única diversão
um buteco com a porta aberta

Seu futuro
a sarjeta
até que a garrafa que goteja
a ultima gota de cerveja
que bem mais que uma linda mulher ele deseja

Talvez um dia acabe só
num barraco imundo debruçado sobre o vomito
o olhar dos outros é de nojo,desprezo e dó
quando esta caído no esgoto
comendo o pó
causando desgosto

O bêbado
continua debruçado
esperando por alguém ser carregado
para dentro do seu barraco
assim ele segue o seu caminho
só e embriagado

terça-feira, 4 de agosto de 2009

AMOR QUE REVELA O OCULTO




Olhar distante e parado
me traz lembranças do passado
de um tempo nublado e escuro
Que aos poucos me deixa confuso

Um amor não fingido
quando não é correspondido
despertas sentimentos escondidos
transforma o pacato em bandido
transtorna um coração ferido
e traz das profundezas um monstro submergido

Que até então se mantinha oculto
agora é revelado
um opressor por de traz de um sorriso
Que vivia acorrentado
As diferentes faces da mesma moeda
Uma personalidade oculta em trevas
Que com o coração cheio de maldade se revela
Mostrando que as sombras também é bela

Querendo calar a voz do coração que chamado
derrotado e falido abandonado na lama
Que por amor deixou dinheiro,poder e fama
Agora jas o frio mórbido em uma cama
reconhece que o amor é mau e que engana
E vê coberto de sangue o fim da trama
Pra provar que a vida de quem ama
É simplesmente um drama.

sábado, 1 de agosto de 2009

POTESTADES






Quem são esses que vem reinando onipotentes
mestres do cinismo
com nossas dores são indiferentes

Já acreditam que são poderosos e eternos
me traz ânsia suas caras,casas e carros
Demónios entronizados
engravatados e de terno
porcos imundos e sujos
suditos do desafeto

Potestades e principados
demónios ostís
engomados e engravatados
Poderosos com atitudes infantis

Parlamentares genocidas
comunistas sociopatas
com suas canetas homicidas
os verdadeiros psicopatas

Amantes do dinheiro
Servos de mamon
venderam nossas almas para os estrangeiros
para garantir a exportação

Vossas mãos já estão cansadas
de tanto acenar
Pior que assalto a mão armada
com meus impostos sua filha vai viajar

Demonios sujos
engravatados
colarinho branco
Potestades que habitam em tenro luxo
bem acima dos pobres coitados
cara são suas jóias,relógios e ternos
principados e seu estilo bestial
Que em breve serão consumidos pelo fogo do inferno

MEU HERÓI

Meu herói
da pele morena como o anoitecer
de barba mal feita e cabelos grisalhos
A sua coluna ainda dói
para alivia-lo balsamo nele espalho
ao banha-lo no entardecer

Cadê os seus super-poderes
ao invez de espada um cajado
Nossos corpos são tão senciveis,fracos e podres
lamento poucas vezes te-lo beijado

Meu herói
venceu tantas inimigos
Agora parece estar acabado pelo tempo
confesso que sempre foi meu grande amigo
dos poucos momentos de carinho que ainda me lembro

Seu cheiro forte de homem lutador
suas mãos ásperas e calejadas
sabiam afagar com amor
agora paralisadas mal se mexem

Herói enfermeiro
herói cobrador
herói jardineiro
é também herói agora deitado em uma cama
com soro e com sonda
sofrendo e gemendo

Derrotou vários bandidos
mas não venceu a cachaça
Escravizado pelos vícios
que agora riem de sua desgraça

Meu herói imperfeito
cheio de pecados
tens muitos defeitos
que o torna humano e tão real

Herói de cadeiras de rodas
quantas vezes me carregou nas costas
agora é minha vez de carregar você...